Aposentados devem R$ 89 bilhões em empréstimos consignados

Apesar de os dados do Banco Central (BC) apontarem que o estoque de financiamentos está em forte desaceleração, o consignado para aposentados e pensionistas do INSS mantém expansão na casa de dois dígitos.O valor do benefício previdenciário (não) está vinculado com salário mínimo e agora fica a dúvida (quase certeza) que os reajustes ao benefício previdenciário, pelo INPC, (não) assegura (m) o poder de compra.

Em 10.07.2014, a Gazeta do Povo - Pedro Brodbeck noticiou que os aposentados deviam R$ 71 bilhões. Já em 03/04/2016, o Correio Brasileirense noticiou que o valor ultrapassou R$ 89 bilhões. Aumento de 26% em 2 anos.

A possibilidade de um crédito barato e acessível tem seu preço: R$ 89 bilhões

Este é o saldo dos contratos de crédito consignado a aposentados e pensionistas beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de acordo com o último boletim do Banco Central (BC).

Apesar dos juros do empréstimo descontado diretamente na folha serem pelo menos três vezes menores do que outras modalidades de crédito simples, o modelo pode ser uma armadilha quando tomado sem um planejamento prévio ou de modo irresponsável.

O alerta é justificado. Somente nos últimos doze meses, esta modalidade de empréstimo cresceu 13,6% no país, quase o dobro do crédito pessoal, que teve crescimento de 7,6% no mesmo período, e muito acima das dívidas no cheque especial, que avançaram 1,3%. O aumento do interesse é natural. As taxas de juros variam de 0,7% a 2,15% ao mês e a assinatura dos contratos é simples, sem a necessidade de comprovações e fiadores.

“Por isso mesmo é que eles são muito perigosos e qualquer empréstimo deve ser tomado com uma dose imensa de cuidado”, alerta a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, Jane Berwanger. “É uma orientação básica, mas o aposentado deve ler com toda atenção o que está assinando e observar se a taxa de juros não é abusiva e se o teto máximo de desconto está sendo respeitado”, completa a presidente do instituto.

Essa realidade fica clara quando são analisados indicadores de crédito. Apesar de os dados do Banco Central (BC) apontarem que o estoque de financiamentos está em forte desaceleração — nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, apresentaram crescimento de apenas 5,3% e somente no primeiro bimestre encolheu 1,1% — o consignado para aposentados e pensionistas do INSS mantém expansão na casa de dois dígitos. Entre março de 2015 e fevereiro deste ano, acumulou alta de 12,4%. Nesse período, o total de empréstimos passou de R$ 81,2 bilhões para R$ 89,6 bilhões. Somente em janeiro e fevereiro, a elevação foi de 4,3%.

Tome cuidado

Contratar um empréstimo consignado exige cuidado para que a vantagem dos juros baixos não se torne um compromisso impossível de ser cumprido:

Juros

Os juros do empréstimo descontado diretamente na folha de pagamento são, geralmente, os mais baratos do mercado. O beneficiário, porém, deve se atentar no contrato. Por lei, a taxa não pode ser superior a 2,14% ao mês.

Parcelas

Da mesma forma que os juros, a quantidade de parcelas também é limitada. Atualmente, o comprometimento máximo é de 60 meses.

Contratos

As instituições financeiras devem informar, na hora da contratação, o valor total financiado, a taxa mensal e a anual de juros, os acréscimos que tiver, se os descontos serão mensais e a soma total a pagar pelo empréstimo.

Agentes

Muitas vezes, a abordagem de um agente financeiro pode acontecer na saída do banco ou de uma agência do INSS, de maneira inusitada. De forma alguma o aposentado deve fornecer qualquer dado se não estiver seguro que deseja fazer um empréstimo e que esteja ciente de todas as condições da concessão.

Limite

Ainda que cada contrato tenha um limite máximo da taxa de juros e do número de parcelas, um mesmo aposentado pode ter mais do que um contrato, comprometendo a renda acima do que é saudável. O aconselhável é não acumular empréstimos. Por contrato, o aposentado pode comprometer, no máximo, 30% da sua renda.

Fonte: Correio Brasileirense